sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Nostalgia

Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar.

A primeira lágrima molha minhas folhas, mas a trilha sonora indica que há algo mais querendo sair de mim: são recortes de braços, pernas, cabeça, coração. Imagens de momentos que ainda permanecem em mim, como pedaços de jornais guardados num armário antigo. Recortes de dias que já mofaram, mas que eu ainda guardo por simples usualidade. Usual idade.
Enquanto eu tiver meus neurônios funcionando, enquanto tiver sangue circulando pelas minhas artérias e enquanto eu não fechar meus olhos pela última vez, eles vão fazer parte de mim, vão ocupar metade do meu dia e me fazer jorrar sangue pelos olhos. Vão me fazer nostálgica e tão à flor da pele que vão fazer dias parecerem anos e anos, séculos. Mas vão me livrar de todo o mal e de toda a saudade; e vão me deixar esperançosa, a pensar que não há nada que vai, que um dia não volte. Não há nada que vai, que um dia não volte.