domingo, 11 de setembro de 2011

O Lar

Do meu olhar tenho tentado achar o seu. Esse olhar distante que se esforça pra ser sempre mais distante, mas que tem um desvio sempre próximo. Que desvia querendo se manter, que se mantém querendo se fundir. Que quando encontra um outro olhar, é porque quer esse olhar e somente ele. Que quando não encontra, está procurando um outro próximo pra repousar o seu. Olhar, olhares, olhos, olhos meus, olhos seus, que se encontram tentando se desviar de todos os outros e com todos os outros, perdidos no meio de tantos. São tantos e ao mesmo tempo tão poucos, os outros. São tantos e tão insuficientes que em cada um deles procuro o seu, que, mesmo desviante, é o que mantém o repouso do meu. Procuro o seu em cada canto, em cada esquina, em cada pedaço dos outros, de mim, de você. Em cada pedaço de mim, seu olhar, que se desvia e se mantém tentando encontrar outro corpo, mas que eu sei que é meu, e talvez eu não queira que você saiba que é meu, e que sou eu. E que meu olhar é seu. E que meu olhar sou eu.

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